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2019, 09 17

3º WoodTrade Brazil avalia mercado de produtos de madeira

Evento promovido pela Abimci fez parte da programação da Semana Internacional da Madeira 

Com a presença de uma plateia especializada, a terceira edição do WoodTrade Brazil reuniu no Painel Mercado membros da diretoria da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci) para debater os desafios e as oportunidades para os produtos brasileiros de madeira.

O presidente da Abimci, José Carlos Januário, o coordenador do Comitê de Compensados de Pinus, Fabiano Sangali, o vice-presidente da Associação, Juliano Vieira de Araujo, e o coordenador do Comitê de Molduras, Luis Daniel Woiski Guilherme compartilharam com o público, a experiência de quem está no cotidiano do mercado, atuando diretamente com os desafios e as vitórias conquistadas pelo setor da indústria brasileira de madeira no atual cenário.

O principal objetivo do evento é estimular a discussão sobre as condições de competitividade, as perspectivas e o potencial dos mercados para os diversos produtos madeireiros, reunindo público de empresários, diretores e CEOs das empresas do segmento. O WoodTrade é promovido pela Abimci, Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e Malinovski, e faz parte dos eventos da Semana Internacional da Madeira.

Confira os principais pontos debatidos no painel Mercado

Compensados: mercado norte-americano

O mercado de compensados que visa os Estados Unidos foi apresentado pelo presidente da Abimci e diretor da Compensados Guararapes, José Carlos Januário. Segundo ele, a participação brasileira tem crescido no fornecimento ao mercado norte-americano desde 2012, embora ainda seja modesta diante da China, o principal fornecedor daquele país.

De acordo com os números apresentados pelo presidente, a produção mundial de compensados em 2018 atingiu 147,3 milhões de metros cúbicos, destes 37,14% de hardwood e outros 62,86%, softwood.

No ano passado, foram 92,6 milhões de metros cúbicos de compensado softwood, sendo que a China possui a maior produção mundial, concentrando mais de 75% dessa produção. O Brasil aparece como quarto maior produtor, sendo responsável por cerca de 3% dos produtos mundiais. Já a produção de hardwood esteve na casa dos 54,7 milhões de metros cúbicos. Novamente, a China concentra mais da metade da produção mundial. Os números compõem o Estudo Setorial Abimci 2019.

Entre os maiores importadores de softwood estão os Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Coréia do Sul e Alemanha. Já compensados hardwood têm como maiores destinos os Estados Unidos, Japão, Alemanha, Coreia do Sul e Reino Unido.

Os números mostram o peso do mercado internacional nessa cadeia produtiva, uma vez que, por exemplo, 80% da produção brasileira de compensado de pinus é destinada ao mercado externo. Essa é também uma das principais preocupações dos industriais brasileiros listadas por Januário.

Para os brasileiros, um dos principais fatores que influenciam a demanda pelos produtos é o aquecimento da construção civil nos Estados Unidos. No entanto, o presidente da Abimci alertou que houve uma revisão na previsão de construção de novas unidades, rebaixando as expectativas. Segundo ele, o número deve ser ainda menor que o previsto. Apesar desse dado negativo, o empresário apontou que a taxa de hipoteca norte-americana vem caindo, o que deve contrabalancear e ajudar no crescimento do volume de exportações.

Januário afirmou também que o Brasil tem conquistado espaço no cenário internacional e o que o segmento mais que dobrou nos últimos anos. “No entanto, precisamos trabalhar com unidade nas informações, troca de experiências, busca de certificações, para que possamos fortalecer o mercado brasileiro no resto do mundo. Já viemos investindo e devemos buscar ainda mais o desenvolvimento de políticas e práticas comerciais saudáveis em favor do próprio segmento”, defendeu.

Compensados: mercado europeu

O cenário de compensados no mercado Europeu foi apresentado pelo coordenador do Comitê de Compensados da Abimci, Fabiano Sangali, que também é diretor da Sudati Ltda. Ele começou sua fala mostrando números que dão a dimensão da importância da indústria madeireira no Brasil. Em 2018, 44% dos contêineres não refrigerados que passaram pelos portos do sul do país continham produtos de madeira.

Fabiano comentou que a dinâmica de compra do mercado europeu permanece estável e não costuma variar com intensidade nos números anuais.

Para esse mercado, o compensado brasileiro oferece um preço vantajoso ao importador, além de uma confiabilidade importante, já que possui certificações de origem de floresta legal e emissão de formaldeído baixa, em consonância com as normativas europeias.

O principal desafio enfrentado pelas empresas brasileiras, na avaliação do executivo, está o chamado “custo Brasil”, com os problemas de infraestrutura, alta carga tributária e dificuldades logísticas. “Ainda assim, o compensado brasileiro é a chapa de compensado confiável mais barata que existe para o mercado europeu”, explicou.

Durante sua fala, o coordenador também avaliou os possíveis impactos de acordos comerciais como o estreitamento das relações entre o Mercosul e a Europa, que podem isentar as exportações brasileiras de taxas caso se concretize e também sobre a possível saída do Reino Unido da União Europeia, que reduziria a cota duty free de 650 mil metros cúbicos para 482.648 metros cúbicos. As duas situações ainda estão em discussão, mas são acompanhadas de perto pelos empresários brasileiros para possibilitar a criação de estratégias para alavancar as vendas do segmento.

Sangali avalia que neste momento há uma estagnação na demanda e também falou sobre os prejuízos à imagem do setor por divulgações na mídia de situações como as queimadas na Amazônia. “É importante cada vez mais demonstrarmos que a indústria brasileira trabalha em sua totalidade com madeira de origem certificada e legal”, defendeu.

Madeira serrada

Os movimentos no mercado de madeira serrada foram apresentados no evento pelo vice-presidente da Abimci e diretor da F.V. de Araujo S/A, Juliano Vieira de Araujo. Ele comentou que a construção civil é um dos principais usos do material, sendo responsável por 40 a 45% do consumo. Os produtos também são aplicados em móveis, embalagens e na fabricação de portas e molduras e outros componentes.

Juliano explicou que, no momento, o mercado enfrenta queda de produção em função da crise de mercado externo e do aumento de oferta em todos os mercados produtores.

No que diz respeito às coníferas, no entanto, a produção triplicou nos últimos cinco anos, refletindo um aumento no consumo de madeiras.

Do ponto de vista externo, entre os principais desafios citados pelo empresário estão a guerra comercial entre os Estados Unidos e China, as restrições tarifárias e comerciais, a construção de acordos bilaterais e o momento de recessão.  Já entre os desafios internos, o empresário também cita o “custo Brasil”, além da redução de áreas plantadas sendo substituídas pela agricultura, a ausência de linhas de crédito para indústria e floresta e a dificuldade de investimentos.

Apesar dos desafios, o futuro, para ele, é de oportunidades, desde que seja construído com base no aumento da eficiência. “Acredito que devemos ser eficientes em toda a cadeia produtiva, melhorando nossos procedimentos desde a floresta com nova genética das plantas, plantio, espaçamento e produtividade florestal. Na produção industrial com investimentos em tecnologia e formação de equipes qualificadas. Na logística e, sobretudo no setor comercial, com a melhor valorização do produto junto aos clientes, desenvolvimento de novos mercados e principalmente, deixarmos de ser comprados e passarmos a vender melhor nossos produtos”, avalia.

Molduras

O mercado de molduras está atrelado ao desempenho da construção civil nos Estados Unidos, como explica o coordenador do Comitê de Molduras da Abimci, Luis Daniel Woiski Guilherme, que também é diretor-geral da Sólida Brasil Madeiras Ltda. O executivo comenta que o mercado passou por uma intensa transformação nos últimos anos nos quais a produção de molduras cruas deu lugar à comercialização de molduras pintadas.

Ele explica que o mercado de molduras viu crescer nesse processo a exigência do cliente. “Qualquer atributo natural da madeira como grãos, nós, rachaduras, fendas, dobras, tricas, juntas de cola podem ser rejeitadas”, alerta.

Graças aos investimentos dos empresários brasileiros, o produto passou a apresentar uma melhor qualidade no acabamento, ampliando a aceitação no mercado norte-americano, representando em torno de 25% dos produtos consumidos no país. Esse é um mercado bastante disputado pelos chineses que conseguem oferecer produtos com excelente acabamento e que detêm uma eficiência industrial importante, comentou Daniel. No entanto, a vantagem brasileira é, ao contrário da China, ter a matéria-prima disponível sem a necessidade de importação.

Para enfrentar a concorrência com o país asiático, o executivo alerta que é preciso mais inteligência comercial para defender os produtos brasileiros, sem reduzir preços diante de qualquer oscilação de mercado. Outro desafio, para o empresário, está no aumento do custo de moradia nos Estados Unidos, que tem levado por um lado à redução no investimento em acabamento das casas e, por outro, na migração de uma parte da população para a moradia de aluguel, reduzindo a demanda por produtos.

Nesse cenário, em 2019 o mercado demostra preocupação e tendência de queda, após um primeiro semestre regular. No momento, há estagnação, com pouca demanda pelo produto, o que deve perdurar, na avaliação do executivo, pelo menos até meados do ano que vem.

Fonte: Assessoria de Imprensa Abimci – Interact Comunicação 
Foto: Raphael Bernadelli Fotografia
Gelson Bampi